Pedra papel tesoura. São os três vértices de um só triângulo que é este jogo infernal onde só um destes objectos podemos escolher. Qualquer criança saberá dizer que a tesoura corta o papel, a pedra destrói a tesoura e o papel embrulha a pedra. Regras simples, jogo rápido, consequências complicadas.
Queres jogar? Não tem nada que enganar. Vais aceitar o convite com alguma desconfiança mas não te censuro por isso. Os homens são animais de hábitos, de vícios. Qualquer mudança à sua rotina é vista com desconfiança e desagrado. Só quando voltam a construir os seus costumes se sentem de novo confortáveis, até que algo volte a desafiar os seus actos generalizados e prolongados. Passado essa fase, vais sentir a adrenalina correr nas veias com vontade de experimentar o que há de novo. Entendes as normas, começa a contagem decrescente. As dúvidas caem sobre a tua cabeça fazendo congelar os teus pensamentos e decisões, não vais conseguir escolher.
O tempo começa a esgotar-se e tu ainda não fizeste a tua escolha. Retardas ao máximo o movimento do braço para tentar discernir um sinal do adversário que te facilite a escolha. Procuras um pulso fechado, uma mão aberta. Algo. Alguma coisa que ajude a tua decisão mas nada aparece por entre o corpo do adversário.
Queres ter a certeza que tomas a decisão certa mas isso quase nunca é possível. A certeza matemática está fora de questão porque não tens a capacidade de prever eventos aleatórios. A certeza psicológica nunca terás porque nem tu mesmo tens ideia de onde te estás a meter. Só depois das consequências sabemos se estamos certos ou errados. Mesmo percebendo que estando errados não podemos alterar as nossas decisões e nada nos garante que, alterando, tudo aconteceria de forma diferente.
Ouves o "Já!" e é agora. Só tens 1/3 de hipóteses de acertar mas também apenas 1/3 de hipóteses de errar porque para ficar tudo na mesma mais vale não jogar.
0 comentários:
Enviar um comentário