Os meus sonhos não têm banda sonora, nunca. Não são nada parecidos com aquelas cenas de cinema onde a sonoridade acompanha as acções e os diferentes ângulos alternam ao som da música. as personagens parecem embebidas no cenário falso, simplesmente construído para a ocasião, como se toda a sua vida ali tivesse sido gasta. É tudo tão natural que não parece encenado, parece vivido.
Nos meus sonhos nada acontece acontece tão fluídamente. Fragmentam-se as cenas consecutivas, sobrepõe-se ao juízo trazendo consigo epopeias impossíveis das quais, enquanto dormimos, nada desconfiamos. Construções incríveis da mente, fisicamente difíceis de executar, que são geradas em fracções de segundo dentro dos meus lençóis, desafiando tudo aquilo que conheço para que eu as possa percorrer desenfreadamente e pensar que são reais.
As cores esbatidas, baças, sempre com os mesmo tons, pintam as paredes , pintam o chão, pintam o céu. Na verdade, quando acordo, tenho sempre a sensação de que todo o sonho está limitado dentro de 4 paredes. Paredes pintadas de cores absurdas como se o mundo fosse um cubo finito do qual não estou autorizado a sair.
As vozes apenas ecoam dentro da minha cabeça. Eu não falo, eles não falam. Penso por mim e penso pelos outros. Invento palavras sem mexer os lábios e respostas sem ter esperar por elas. Aquilo que penso por mim é uma reprodução da realidade, o que penso pelos outros é uma tentativa de adivinhar o seu comportamento.
Os meus sonhos não têm banda sonora, não têm personagens, não têm cenários. Sou eu o construtor de tudo e o mestre do enredo. Os meus sonhos são apenas eu.
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