Faltam 38 dias para começar o inverno e, infelizmente, os dias quentes de
outono, como o de hoje, fizeram-me lembrar disso. São típicas as normais
depressões de inverno que tantos dizem cair durante os dias de frio e de poucas
horas de sol. A verdade é que, em certa medida, gosto do inverno. Os dias
ventosos que obrigam ao dobro do esforço para andar contra o vento, o frio de
rachar em que dá vontade de abraçar aquela pessoa especial para nos aquecer a
mão, para nos aquecer o coração.
Não sinto, ao contrário de outros, a necessidade de chamar pela altura do
ano que faz subir os termómetros. Os dias, quando mais pequenos que as noites,
também têm o seu encanto. Só nessa altura conseguimos reparar como é bom o
bater do sol que aquece a nossa pele nas horas matutinas sobre a gélida Terra
que mal teve tempo para acordar. Fugimos das sombras quando está sol e do céu
aberto quando está a chover. As corridas para não apanhar uma molha que, no
final, são sempre motivo de sorrisos.
É fácil entender porque conto os dias para chegar o inverno. Os fins de semana de preguiça no sofá envolto nas mantas. O chocolate
quente em frente à lareira, as castanhas assadas, e o cheiro a lenha queimada a
pairar no ar. Se há cheiro que me lembre o inverno é o do fumo escuro saído das
chaminés. Tenho um novo natal (embora muita da magia já tenha sido perdida) por
causa de duas crianças que alegram qualquer momento e nunca deixam que os
sorrisos desapareçam. As manhãs passadas na cama quando se consegue ouvir a
chuva a bater na janela. As tempestades nocturnas que iluminam os céus com a
força dos relâmpagos e petrificam os corpos com o som dos trovões. O casaco
pesado que sabe tão bem vestir quando se abre a porta da rua. As esplanadas
desertas onde finalmente posso escolher o melhor lugar para tomar a bica que me
aquece o corpo e a mente.
Não me chateio
com o inverno, basta aproveitar os pequenos prazeres que podemos extrair dele.
Porque não tem que ser sempre inverno e não pode ser sempre verão.
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