Flores


Mil flores espalhadas pela calçada dessas ruas estreitas que impedem os altos prédios de se abraçarem ao final da tarde. O aroma que fica concentrado no ar intensifica-se com o amontoado de cheiros que se liberta de cada pétala caída. Essa essência que permanece suspensa quase pode ser tocada pelos meus sentidos e sentida pelos meus toques. Já não é são os vossos cheiros e as cores pintadas pelo chão que me deixam aqui paralisado a olhar para vocês porque já deixaram de ser simples flores para serem simples desejos, uns bem mais simples que os outros.

Mil flores a voarem pelo céu sem sitio para onde ir, sem vontade de chegar. Pairam soltas pelo ar, arrastadas pelo vento, despidas pelo sol e vestidas pelo luar. Fogem-me por entre os dedos velozmente deixando as cores por arrasto e os cheiros por suspenso. Já não têm a mesma magia que antes, tenho que correr para vos apanhar e mesmo assim já não vos consigo tocar.


Uma flor, um sabor desenterrado no meio do nada. Ao fundo do túnel deixou de existir a luz para nascer o deserto. O infinito, o mundo ardente e de cores esbatidas ainda deixa espaço para tu apareceres por entre os grãos de areia amarela. És uma flor imóvel que posso tocar, cheirar e observar sem medo que fujas porque aqui não há lugar para onde ir. És uma flor do deserto e ao mesmo tempo um cacto com espinhos.


Mil Sabores, Formas e Cores... Mil e uma Flores

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