Mágoa

Enches o meu mundo com as mesmas palavras todas as noites antes de adormecer e todas as manhas depois de acordar mas deixas-me confuso quando ouço o que dizes e vejo o que fazes.
Agora, talvez já não acredite no que dizes ou não queira acreditar no que fazes porém quando me obrigas a escolher entre uma e outra prefiro sempre escolher-te a ti, ainda.


Mesmo no meio da multidão há um sentimento de solidão que se ergue mais que todos os outros, não há vozes nem luzes e sinto-me sozinho como um prisioneiro sentado no chão da sua cela. Uma cela sem janelas, sem paredes, contudo na qual estou preso porque tenho medo de sair e de te encontrar.


Já sinto a mágoa que resta entre os nossos corpos, esta dor induzida provoca em mim um efeito de tristeza que tento libertar pelo meu olhar e que tu não reparas. Ao lado não há mais nada, só eu e a minha mágoa, porque tu não fazes nada para afastar este sentimento dos meus sentidos.


Foste embora e quando regressaste foi tudo diferente. Não parecias a mesma, voltaste o olhar e apenas soltaste um sorriso para mim que soube a tão pouco, tão insípido, tão triste. Tenho esperança de voltar a ver-te como eras quando eu te conhecia e voltar a dizer-te que gosto quando brilhas dentro de mim.


A mágoa que me magoa deixa-me sem força para continuar a construir o meu universo, sem força, sem vontade, sem graça, sem felicidade… sem ti. Porque tu és o Sol e eu a Terra mas foste eclipsar-te pondo a Lua entre nós.

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