As artimanhas que encontras para escapar são elaboradas como só o teu espírito rebelde consegue criar. Jogos complexos, desejos inversos sobre águas esquecidas e repletos de reflexos estranhos, difíceis de entender, ténues vontades que não deixas escapar por entre a pele que te recobre.
Para ti, jogar às escondidas, passou a ser uma profissão que exerces sem medo e sem fronteiras. Esguios e manhosos foram os contornos que vi passar quase sem dar conta, fugindo ao meu olhar e contornando os meus outros sentidos. Fiquei sem saber onde te foste esconder, onde desapareceste foste desaparecer no nevoeiro ou mergulhar no oceano profundo.
O rasto foi coisa que soubeste bem cobrir. Sem pegadas nem traços que me indicassem o caminho. Invisível é a única coisa que estou crente em que serás. Invisível na sombra, invisível no sol, invisível neste mundo entrelaçado de correntes e cadeados.
Não estava à espera de te encontrar de hoje para amanhã, mas os anos de procura já me deixaram demasiado exausto para correr. Procuro andando lentamente e com o esforço de quem carrega um lastro interior deixado longe no tempo e longe no espaço. Devagar só para te descobrir, para te encontrar. E se não for agora, vou encontrar-te do outro lado.
1 comentários:
Muitos parabéns. Prende da primeira à última linha :)
Enviar um comentário