A água que cai do céu

As gotas que caem do céu, a chuva, os dilúvios tímidos da natureza e as lágrimas do teu rosto são tudo variantes do mesmo elemento. A água. São elas que alimentam a mais sombria das vertentes humanas, o mais desconfortável dos sentimentos que os animais podem expressar, a tristeza. O ódio sempre suplanta a tristeza em  acções praticadas. As explosividades são mais distintas do que comparadas com qualquer outras das possíveis sensações.


São as vidas que se perdem, são as pessoas que se afastam os usuais motivos do silencio profundo. São aqueles momentos em que nos sentimos inúteis e solitários horas a fio sem que nos apercebamos da escuridão que caminha perante nós, sem vontade de desviar o olhar para a luz, que tornam o renascer a fase mais complexa da edificação da felicidade.

Dá gosto estar assim. Não sentimos que o mundo possa melhor em passos curtos e relevantes. Sentimos que não fazer nada é mais seguro do que fazer o que quer que seja. São enganos permanentes que não controlamos, esperando que alguém os venha controlar por nós, alguém que já não pode vir. É certo que o tempo cura mesmo as feridas mais profundas, mas é preciso que o magoado deixe ser tratado.

O fim ou o início

Foram muitos os meses que passaram sem ver o teu rosto. Mas agora que o posso observar outra vez, reparo que o teu olhar e o teu sorriso não mentem, és mesmo tu. Fazes-me sempre lembrar os tempos de adolescência em que éramos crianças. As tuas expressões e palavras ficaram retidas no tempo, lembrando os tempos passados. Mesmo a forma como "não" queres ficar chateada deixa transparecer a realidade das tuas emoções.

Agora, tenho que reconhecer que muitos dos teu traços deixaram marcas, mas a mulher que foi nascendo suplantou a criança, vencendo o jogo da vida. Isto é o fim, mas também. Um novo começo onde mostras a tua independência e a tua força. Segura para o que vem, de ideias bem firmes foi como te encontrei. De sentimentos construídos ao longo dos anos, sem pressa mas com vontade de novos desafios.