21 Gramas

Vinte e um gramas, o peso da alma Humana. As memórias, recordações, conhecimentos e sentimentos juntos em uma grande abstracção que ninguém ainda conseguiu encontrar, a Alma. A vida, concentrada em zonas obscuras para a ciência mas bem claras para as forças do além.

Ao longo dos tempos vamos coleccionando eventos emotivos e racionais sobre os quais exercitamos uma aprendizagem contínua, construindo a personalidade que nos define. Experiências físicas que despertam o interesse e os sentidos de tal forma que lhes dedicamos toda a atenção. São eventos sentimentais que marcam o carácter do nosso rosto e deformam a pele do nosso corpo. Eventos traumáticos têm a capacidade de reduzir a alma a uma simples essência lançada no ar ou a uma haste de incenso ardendo entre a escuridão. Os eventos racionais são aquelas que refugiam e alimentam quem não tem nenhum dos outros.

A alma, vai sendo moldada por detritos que surgem no seu caminho, crescendo à medida que os absorve, atingindo um estado de maturidade completa sem que o seu portador imagine o que está a acontecer. O espírito é efémero, mas a alma não. Ela fica, guardada, mesmo que o corpo do seu dono se reduza aos minerais dos quais é originário. A alma jaz por entre aqueles que conheceram o seu espírito, por entre as letras escritas pelas mãos escravas ou pelas aparições nominais do seu senhor. Não importa o sítio em que Ela permanece viva, simplesmente quero que recordem os meus 21 gramas de fumo da melhor forma que vos possa ser útil.


Sentido de Orientação

Por estradas, ruas e caminhos, mais estreitos ou mais largos, mais tortuosos ou mais rectos. São as formas que tenho encontrado recentemente para mover-me em direcção ao meu novo destino. Caminhos estranhos onde é difícil discernir zonas próprias que ajudam à orientação. 

Todos os trilhos parecem incertos e um beco sem saída, sem nada que os distinga dos demais e sem nada que os deixe fora do baralho. Durante as viagens decisivas existem sempre aquelas alturas em que nos sentimos algo perdidos ou duvidamos do caminho que seguimos. Parece que, simplesmente, há algo que não está certo, mas não tenho ideia do quê, porquê ou para quê. 

É nessa altura que espero. Avalio as minhas opções como um todo. Se a inversão de marcha é uma hipótese possível ou se o melhor é esperar para verificar onde termina o trajecto actual. Estou na fase do “deixa andar”. Não consigo encontrar a melhor solução para seguir o meu caminho.

Por vezes as escolhas são mais difíceis do que a realização da solução. É a arte de escolher o que está certo que torna difícil a concretização dos nossos objectivos.