A ponte para o nada


Quantas vezes não imaginaste passar a ponte que vês ao longe mas tens medo porque não sabes onde ela vai parar. Eu sei que já imaginaste porque todos nós já o fizemos, muito mais que uma vez.
Parecemos tão pequenos quando ficamos horas a observa-la tentando imaginar onde nos leva, tentando descobrir o que os nossos olhos não conseguem alcançar e qual é o mundo que está no fim desse caminho. Queremos dar o passo em frente sem cair no oceano e sem ficar perdido nos labirintos que conduzem ao centro da terra, mas o medo de tombar na longa viagem é mais forte do que a vontade dos nossos sonhos.
Passávamos dias e dias sonhando com a felicidade que pensávamos estar no fim daquela ponte, sem questionar o dogma que fomos criando e as invenções que fomos fantasiando. Passávamos dias e dias enquanto a esperança, de algum dia ter um sorriso no resto, se ia desvanecendo. Tudo era melhor que estar aqui e tudo era pior do que o desconhecido.
Aquela ponte era a única coisa que nos fazia existir tal como éramos. Talvez já nem existíssemos realmente porque já não sabíamos viver naquele lugar, apenas queríamos fugir. Apenas queríamos ir embora sem pensar no que vinha depois, sem pensar com quem íamos estar, sem pensar se íamos conseguir.
Precisava da luz das estrelas para começar a minha viagem até ao outro mundo porque para nós, aquela ponte era a ponte para o nada, pois o nada era melhor que o nosso tudo.

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