Outono

Hoje sai de casa, pelo caminho fui admirando as cores de final de Outono e os sons de inicio de inverno que nasciam a cada passo que avançava e que entravam pelos meus cinco sentidos dentro.

Primeiro encontrei-me com a água fria do rio que corria em direcção às gaivotas que flutuavam serenamente no líquido transparente enquanto limpavam as penas leves dos seus corpos. Estavam calmas e serenas as gaivotas quando foram perturbadas por um qualquer barco que despoletou o seu voo precipitado. Fez-me sorrir.

Depois de passar esta ponte sobre o rio algo despertou o meu sentido do olfacto. Eram castanhas, castanhas que fervilhavam no assador e faziam uma nuvem de fumo branco que ao passar pelos seres humanos despertava a sua atenção. Era o cheiro que animava as crianças simples que passavam na rua, que se entranhava entre os cabelos e me fazia sorrir.

Mais tarde ao passar por aquele jardim entrei num mar de folhas amarelas caídas no chão, folhas tristes que perderam a vontade de viver ou que simplesmente tiveram o vento como seu assassino. Foi o Outono, pensei eu, que fez aquele tapete vegetal que eu conseguia levantar com os meus pés, mas que ninguém era capaz de demover. Nas árvores ainda resistiam ainda folhas frágeis ondulando ao sabor do vento, mas todos notavam que aqueles pedaços de vida não iam resistir mais tempo á força da natureza. Fez-me sorrir.

No final de tudo, levantei-me do sofá. E se tudo o que eu escrevi até agora fosse mentira e apenas estivesse a pensar em ti este tempo todo?

0 comentários: