A cor que o céu tem.

A cor que o céu tem muda a cada momento, é transformada a cada dia, é segredada às estrelas enquanto o mundo gira á tua volta.
O vento muda a cor do céu. Umas vezes trás o vermelho de sangue ao fim da tarde de verão, outras recria o azul dos teus olhos lindos como a água de um rio durante um dia de calor, mas por vezes puxa o cinzento de tempestade que deixa a lua triste como a escuridão e escura como a tristeza que segue o caminho empedrado da minha vida.

É o azul celeste do teu céu a cor mais bonita que o vento pode mostrar. Não é só o azul do céu, todos sabem que esse azul vive dentro de uma estrela que palpita intermitente a luz da sua génese. Não é só o azul do céu, todos sabem que é a cor do sorriso da estrela que emana do mais profundo do meu coração.

Que mais tem a cor do céu de tão especial? Nada! Absolutamente nada. Porque não é o céu que torna estas cores tão especiais, mas sim aquilo que cada uma provoca no teu sorriso em que navegam os meus sentimentos, em que vivem as minhas vontades, em que resistem os meus desejos.

Já viste o céu hoje? Que cor tem? Aposto que tem a cor que os teus sentimentos mostram, a cor que os teus olhos reflectem, a cor que as tuas mãos irradiam. Sabes que cor tem o meu? Consegues adivinhar? Eu quase adivinho que és capaz.

Outono

Hoje sai de casa, pelo caminho fui admirando as cores de final de Outono e os sons de inicio de inverno que nasciam a cada passo que avançava e que entravam pelos meus cinco sentidos dentro.

Primeiro encontrei-me com a água fria do rio que corria em direcção às gaivotas que flutuavam serenamente no líquido transparente enquanto limpavam as penas leves dos seus corpos. Estavam calmas e serenas as gaivotas quando foram perturbadas por um qualquer barco que despoletou o seu voo precipitado. Fez-me sorrir.

Depois de passar esta ponte sobre o rio algo despertou o meu sentido do olfacto. Eram castanhas, castanhas que fervilhavam no assador e faziam uma nuvem de fumo branco que ao passar pelos seres humanos despertava a sua atenção. Era o cheiro que animava as crianças simples que passavam na rua, que se entranhava entre os cabelos e me fazia sorrir.

Mais tarde ao passar por aquele jardim entrei num mar de folhas amarelas caídas no chão, folhas tristes que perderam a vontade de viver ou que simplesmente tiveram o vento como seu assassino. Foi o Outono, pensei eu, que fez aquele tapete vegetal que eu conseguia levantar com os meus pés, mas que ninguém era capaz de demover. Nas árvores ainda resistiam ainda folhas frágeis ondulando ao sabor do vento, mas todos notavam que aqueles pedaços de vida não iam resistir mais tempo á força da natureza. Fez-me sorrir.

No final de tudo, levantei-me do sofá. E se tudo o que eu escrevi até agora fosse mentira e apenas estivesse a pensar em ti este tempo todo?