A dicotomia

São muitos os sentimentos que o meu coração expressa na hora do adeus. É um aperto no peito, são tremores nas pernas e suores frios que me deixam debilitado perante a tua presença eterna. Arrepio-me quando sei que estás a chegar, com medo de falhar mas muita vontade de consegui.

É o fim e o início, aquilo que estou neste momento a cruzar. Deixa-me triste ver-te ir e pensar em tudo o que fizemos juntos, foste parte de mim na melhor altura da minha vida, és parte de mim agora e és parte de mim sempre. Mas o relógio marcou as 12 badaladas que não podem mais ser adiada.

Nunca me esquecerei do que aprendi e do que me ensinaste ao longo deste caminho. De tudo quiseste que eu aprendesse e, claramente, não estive à tua altura. Demasiada informação, complexa, existe dentro do teu ser. A tua pele transpira conhecimento, o teu olhar arde em saber e eu, sem capacidade para absorver esse enorme fluxo de sensações, deixei escapar os pormenores importantes.

Deixaste-me realizado, mostrando-me o teu mundo e o outro. É de ti que vou ter saudades quando contemplar o céu estrelado de verão mas é por tua causa que sou quem sou, faltando-me muito para saber e conhecer. O tempo contigo passa a voar, os anos são meses, os meses parecem dias e são mais os dias de chuva que aqueles de sol. Construímos assim a nossa relação sólida, mas sabendo à partida que o fim era inevitável.

Não te consigo explicar, na hora da despedida, se te quero deixar ou se contigo quero ficar. Mas, infelizmente, não sou eu quem pode escolher e tu já fizeste a tua escolha. É o fim.