Praia


Segues em direcção ao sol num dia de verão pelo fim da tarde e o teu rosto é brindado pelos últimos raios de sol e pelo vento do crepúsculo. O cheiro do mar intensifica-se a cada passo que dou e quase consigo provar o sabor salgado que reside no ar. Finalmente, ao dobrar a esquina, ali estava o mar que ainda reflectia a luz do sol remanescente.
O barulho das ondas reflectido pelas rochas tornava o ambiente relaxante o suficiente para adormecer e ao mesmo tempo as areias douradas dão vontade de serem percorridas. Eram poucas as pessoas sentadas naquela língua de areia e muitas delas apenas contemplavam o bater das ondas da maré que ia encher pela noite dentro.
Sentei-me e deixei o sol queimar a minha pele. Estava quente e a sensação de estar vivo era facilmente transmitida apenas com um sorriso. O sorriso não é o suficiente para a maioria das pessoas, mas naquele momento, para mim, era tudo aquilo que tinha e que me fazia sentir bem.
A água fria pedia para ser acariciada pelas minhas mãos. Tinha a certeza que quando me encontrasse com ela era eu a sentir frio e não o mar a sentir calor. Talvez fosse motivo para estar preocupado mas não estava, era mais uma coisa para me arrefecer quando só tinha o sol para acalentar.
Perdi a vontade de provar as ondas do mar e mantive-me sereno junto às rochas que serviam de companhia. O sol baixava devagar e as sombras ficavam mais longas criando um cenário perfeito para sonhar acordado. Tudo acontecia ao ritmo perfeito para ser contemplado.
Caiu a noite e o som do mar permanecia o mesmo. A areia permanecia a mesma, ainda quente emanando o calor acumulado nas horas de sol. Eu era o mesmo, sentado no mesmo sítio ao encontro dos mesmos pensamentos. Levantei-me. O
lhei para trás e vi. Deixaste-me com vontade de sorrir.